sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Bebê-coragem

– Mamãe, eu não consigo fazer nada sem a Yanni. Ela me dá coragem.
– Por que, Pedro?
– Porque eu não consigo espantar esses calangos sem ela. A Yanni é muito corajosa!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

E no meio do caminho...

... tinha uma borboleta. Como uma folha, simples e bela, nela a morte pesava como um sonho.
O Pedro que me avisou, com pena: – Olha, mamãe, a borboleta morta.
– Tadinha, né, Pedro? Ela devia estar velhinha. Parou para descansar e morreu...
– É... Mas é triste ver uma coisa tão bonita morta.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Bicho perigoso

– Já sei. Vou arrumar um pato pra fazer companhia pra Yanni, que gosta de fazer lambança com água. E pra você, Pedro, vou comprar uma galinha, pra bicar o resto da comida que você adora espalhar pelo chão!
 – Ah não, mamãe! Por que pra mim tem que ser um bicho perigoso?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sonhando com uma certa viagem de trem...

Sempre amei esta música e, talvez por causa dela, a ideia de viajar de trem. Agora vamos torná-la realidade, e este vídeo me vem como um sopro de sonho e vento de uma janela em movimento.

Linda a montagem! Parabéns a Bruna Tavares, sua criadora.

Que tranquilo o quê!

No programa Hi Five, da Discovery Kids, um dos meninos, representando o Sol, canta uma música que fala da Terra: "daqui vejo um lugar azul brilhante e tranquilo..." lá lá lá lá...

Pedroca: - Você acha a "terra" um lugar tranquilo, mamãe? E no dia de feira, com aquele montão de gente gritando "Olha a banana! Olha o tomate! Olha a maçã!"? Que tranquilo o quê!!!

sábado, 20 de novembro de 2010

Brisa (Manuel Bandeira)

Vamos viver no Nordeste, Anarina.

Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Economia ecológica

– Mamãe, o Cebolinha falou pra gente ecolomizar água!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

TPM de criança

 Criança sabe das coisas mesmo. E eu estou vendo que, felizmente, meu filhão está crescendo esperto, saudável e nada machista. Ufa!
 
   Dia desses, um DAQUELES dias em que a gente se pergunta o que há de bom e não sabe responder, eu, muito brava e mal humorada, briguei com o Pedroca. Sem motivo, sem razão.
  
   O Zé Minhoca não é de briga, como ele mesmo diz. Ficou me olhando, quieto. Pasmo, eu acho. E saiu pra brincar com a Nanica.
 
   Nada melhor que silêncio de filho contra uma injustiça nossa. Respirei fundo, chorei um pouco. E fui falar com ele:
   – Pedroco, desculpa a mamãe. Eu tô muito chata hoje. Tô de TPM...
   – Tudo bem, mamãe. Eu também tava de TPM quando você chegou.
   – Ahahaha, você? Por quê?
   – Ah... por causa da Yanni! Ela só quer ver Hi Five, tô assistindo isso o dia inteiro. Aí fiquei de TPM também.

   É, o Pedroca sabe como combater TPM de mãe!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mamíferos...



Pedro e vovô estão brincando de descobrir qual bicho é ave e qual é mamífero.

– Cachorro? –  o vô pergunta.
– Mamífero!
– Galinha?
– É ave, né? Tem pena...
– E beija-flor?
– Ah... – Pedroca, indeciso – É mamífero, né?
– Mamífero? Por quê?
– Ué? Ele não mama na flor? 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Alcoólicas
Hilda Hilst

(I)
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Parafuso a mais ou a menos...

– Pedro, você almoçou na escola?
– Ah, papai, não almocei não. Tinha aquele macarrão que eu não gosto!
– Qual?
– Aquele de cabelo de Yanni...

Pandora

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cantada, Elomar Figueira Melo

http://www.radio.uol.com.br/musica/elomar/cantada/194353?cmpid=clink-rad-ms


Então desperto e abro a janela
ânsias, amores e alucinações
Desperta, amada, que a luz da vela
Tá se apagando chamando você
Está chamando apenas para vê-la
morrer por teu viver.

Amada, acende um coração amante
que o som suave de uma aurora distante
estremeceu aqui no peito meu
Os galos cantam pra fazer que a aurora
Rompa com a noite e mande a lua embora
Os galos cantam, amada, o mais instante
O peito arfante cessa e eu vou me embora

Vem, namorada, que a madrugada
ficou mais roxa que dos olhos teus
as pálpebras cansadas
Amada, atende um coração em festa
que em minha alcova entra nesse instante
pela janela tudo que me resta
Uma lua nova e outra minguante

Ai, namorada, nesta madrugada
não haverá prantos nem lamentações
Os teus encantos vão virar meus cantos
voar pra os céus e ser constelações

Ai, namorada, nesta madrugada
incendiaram-se os olhos meus
Não sei porque você, um quase nada
do universo perdido nos céus,
apaga estrelas, luas e alvoradas
e enche de luz radiosa os olhos meus
Mulher formosa, nesta madrugada,
Somos apenas mistérios de Deus

terça-feira, 3 de agosto de 2010



Quero apenas
(Olga Savary)

Além de mim, quero apenas
essa tranquilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.

Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A morte da batchan, serena e natural, nos seus 100 bem vividos anos, causou algumas reflexões aqui em casa:

– Mamãe, tartaruga vai pro céu?
– Vai, Pedro.
– E peixe?
– Também.
– Mas como o papai do céu leva ele?
– Ahnnn... Ele pega a alminha dele...
– Ah, que nem a lagarta, né? Ele fica com asa!

...

– Pedroca, você vai ser sempre lindo assim?
– Vou, mamãe – pensa um pouco. – Mas quando eu ficar velho eu vou ficar meeeeio feio. Só um pouquinho...

...

– Pedro, quando o papai e a mamãe ficarem velhinhos você vai trocar a nossa fralda?
– Ah, não vem com essa não! – sussurra entredentes...
– Puxa, mas a gente trocou tanto a sua fralda!
– Eu não, a Yanni troca!
– Tá bom, então a Yanni troca a minha fralda e você troca a do papai, tá?
– Ah não! Ah não! – riso nervoso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

























E não é à toa que as Djaniras
do campo em flor são filhas
do menor chuvisco

(Djaniras - Cátia de França-Xangai-Israel Semente)

domingo, 6 de junho de 2010

Pra que complicar?

– Mamãe, olha o passarinho que eu desenhei!
– Que legal! Sabe como chama esse passarinho?
– Não...
– Gaivota.
– Hããã... E como eu desenho um passarinho que só chama passarinho?

sábado, 29 de maio de 2010

Orgulho de irmão

– Nossa, Yanni! Tô orgulhoso de você!
– Por que, Pedro? – pergunto.
– Ah, mamãe, ela ficou de pé sozinha! Que orgulho!!!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Acalanto, Elomar Figueira


http://www.radio.uol.com.br/musica/elomar/acalanto/194354?cmpid=clink-rad-ms

Certa vez ouvi contar
Que muito longe daqui
Bem pra lá do São Francisco, ainda pra lá...
Em um castelo encantado,
Morava um triste rei
E uma linda princezinha,
Sempre a sonhar...

Ela sempre demorava
Na janela do castelo
Todo dia à tardinha, a sonhar...
Bem além do seu castelo,
Muito além, ainda mais belo,
Havia um outro reinado,
De um outro rei.

Certo dia a princesinha,
Que vivia a sonhar
Saiu andando sozinha,
Ao luar...

E o castelo encantado
Foi ficando inda prá lá
Caminhando e caminhando,
Sem encontrar.

Contam que essa princezinha
Não parou de caminhar,
E o rei endoideceu,
E na janela do castelo morreu,
Vendo coisas ao luar.

sábado, 15 de maio de 2010

Invental

– Olha, Pedro, que legal! A Dulce deu um avental pra você e outro pra Yanni.
– Pra que isso serve, mamãe?
– Pra pintar, fazer pão com a mamãe, lavar louça... Assim você não suja a roupa, não se molha.


Minutos depois...


– Mamãe, você vai lavar louça?
– Agora não, o papai já lavou.
– Então posso pintar?
– Agora? Tá tarde! A gente vai dormir.
– Ah, mamãe, então quando eu vou usar meu invental???

terça-feira, 11 de maio de 2010

Filosofando

– Mamãe, vai demorar muito pro dia das crianças?
– Ah, vai um pouquinho...
– Mas tá chegando tudo rápido: já foi Páscoa, dia das mães...
– Pedro, antes vai ter festa junina, aniversário do vovô, do papai, da tia Vânia. Aí, vai ser níver da Yanni e do tio Iberê. Depois dia dos pais. Depoooois é que chega o dia das crianças.
– Eba!!! (pulando)
– Aí, vem aniversário do tio Nicolau, da mamãe, Natal e... sabe o quê?
– Não... (cara de sorriso ansioso)
– Aniversário do Pedroca!!!
– Ebaaaaaa!!! Vou fazer 6 anos!
– Isso mesmo!

Silêncio.

–  Mas mamãe, aí eu vou tá grandão, né?
– É...
– Gigante, do tamanho do céu?
– Quase!

Silêncio.

– Vou ficar com saudade de mim.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

No mundo há muitas armadilhas

No mundo há muitas armadilhas
e o que é armadilha pode ser refúgio
e o que é refúgio pode ser armadilha

Tua janela por exemplo
aberta para o céu
e uma estrela a te dizer que o homem é nada
ou a manhã espumando na praia
a bater antes de Cabral, antes de Troia
(há quatro séculos Tomás Bequimão
tomou a cidade, criou uma milícia popular
e depois foi traído, preso, enforcado)

No mundo há muitas armadilhas
e muitas bocas a te dizer
que a vida é pouca
que a vida é louca
E por que não a Bomba? te perguntam.
Por que não a Bomba para acabar com tudo, já
que a vida é louca?

 Contudo, olhas o teu filho, o bichinho
que não sabe
que afoito se entranha à vida e quer
a vida
e busca o sol, a bola, fascinado vê
o avião e indaga e indaga
 A vida é pouca
a vida é louca
mas não há senão ela.

E não te mataste, essa é a verdade.
 Estás preso à vida como numa jaula.
Estamos todos presos
nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver
de fora e nos dizer: é azul.
E já o sabíamos, tanto
que não te mataste e não vais
te matar
e aguentarás até o fim.

 O certo é que nesta jaula há os que têm
e os que não têm
há os que têm tanto que sozinhos poderiam
alimentar a cidade
e os que não têm nem para o almoço de hoje

 A estrela mente
o mar sofisma. De fato,
o homem está preso à vida e precisa viver
o homem tem fome
e precisa comer
o homem tem filhos
e precisa criá-los

Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.

Ferreira Gullar. In: Toda poesia. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

domingo, 11 de abril de 2010

Sopa de letrinhas

– Mamãe, já desenhei todos os “U” que você fez no meu caderno.
– Legal, Pedro! Agora você já fez o A, E, I, O, U. São as vogais.
– Faz outra letra?
– Faço. Qual você quer?
– P de pato.
– E de Pedro. Vou fazer pra você conhecer cada letra do alfabeto.
– Alfabeto? Hahahahaha, que que é isso, alfabeto?
– Ah, é a sopa onde ficam todas as letras. A sopa que a Marta* tomou.
– Oba, vou tomar toda essa sopa e mastigar bem as letras!
____________________

*Cadela do desenho animado Marta fala. “Ela tomou uma sopa de letras e o que houve foi bizarro”, diz a música de abertura.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Revolução no chiqueirinho

Empolgado com a peça Revolução na cozinha, a que assistimos ontem no Sesc Vila Mariana, o Pedroca chegou em casa com uma ideia na cabeça e dois coelhinhos na mão. Transformou o chiqueirinho da Yanni em palco e começou a ensaiar um diálogo encenado pelos atores orelhudos.
Depois de algum tempo:
– Fazer teatrinho dá muito trabalho! – (silêncio) – Ah! Mas pra que é que eu tenho cabeça? Não é só pra brincar, é pra fazer teatrinho também!

Bronca de filho

Mãe: – Juro que quando eu ficar rica vou morar num hotel e ficar sem fazer nada: nem comida, nem limpeza, nada, nada!

Pedro: – Ai ai ai, que chatinha! Tá parecendo aquela velhinha da história do peixe: quer tudo mas não quer fazer nada, nem limpar a bunda. Fica só reclamando!

terça-feira, 23 de março de 2010

Ler devia ser proibido

Provocação do pessoal do http://www.lerdeviaserproibido.com.br. O texto é ótimo, e a narração, saborosa.



quinta-feira, 11 de março de 2010




No sol do caminho
uma gota de olhar: a joaninha no araçá

quinta-feira, 4 de março de 2010

Super-vilã

– Mamãe, eu tive um sonho tão triste hoje...

– Nossa, Pedro, me conta!

– Ah... eu sonhei que a Mulher-Gato roubou todos os meus adesivos!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Comoquê?

– Comment ça va, Pedro?
– Não como não! Não gosto de savá.

A importância de um hálito puro

Apesar de protestar toda vez que vai escovar os dentes, acho que o Pedro já entendeu a importância do hábito.

Cena de casamento de novela. O padre faz a fatídica pergunta. Resposta da noiva: Não aceito. Pedro, perplexo:
– Por que ela não aceitou ele, mamãe? Porque ele não escovou os dentes?
Delícia de artigo do Ignácio de Loyola Brandão sobre a Biblioteca de São Paulo. Quero ir!!!

Apenas um bom papo: Uma biblioteca e os anjos ajoelham

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Scarborough Fair-Canticle (Simon & Garfunkel)




Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary, and thyme
Remember me to one who lives there
She once was a true love of mine

Tell her to make me a cambric shirt
(On the side of a hill in the deep forest green)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Tracing a sparrow on snow-crested ground)
Without no seams nor needlework
(Blankets and bedclothes the child of the mountain)
Then she'll be a true love of mine
(Sleeps unaware of the clarion call)

Tell her to find me an acre of land
(On the side of a hill, a sprinkling of leaves)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Washes the ground with so many tears)
Between the salt water and the sea strand
(A soldier cleans and polishes a gun)
Then she'll be a true love of mine

Tell her to reap it in a sickle of leather
(War bellows, blazing in scarlet battalions)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Generals order their soldiers to kill)
And to gather it all in a bunch of heather
(And to fight for a cause they've long ago forgotten)
Then she'll be a true love of mine

Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary, and thyme
Remember me to one who lives there
She once was a true love of mine

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Análise do Pedroca sobre relacionamentos amorosos

– Mamãe, pra que esse homem quer um monte de mulher?* Ele não tem três bocas, só tem uma. Não dá pra ele dar um monte de beijo...


* O dito homem é o personagem mulherengo da novela Viver a vida.

Sobre ventos e moinhos


Nesta manhã chuvosa, fazendo revisão de livro didático (sim, volta ao trabalho depois de 5 meses de licença-maternidade!), leio trechos de Dom Quixote (ed. Record). O que me desperta a vontade, nunca saciada, de ler (ou reler) clássicos. Razões não faltam, como Ítalo Calvino nos expõe deliciosamente. Falta tempo. Mas isso é fácil, só priorizar estas leituras, não é?

Dom Quixote eu li adaptado, pelo Monteiro Lobato, com as célebres intervenções asneirentas da Emília, no Sítio do pica-pau amarelo. Falta ler o original, o que vou colocar naquelas eternas listinhas...

Mas também não vejo a hora de reler essa adaptação com meus pequenos. Já fico imaginando a carinha dos dois, as risadas e mais asneirices que renderão futuras postagens neste blog.

E copiando a ideia da minha amiga Solange, que adorei, lanço a questão: que clássico você gostaria de ler ou reler? E em que circunstâncias?