sábado, 5 de novembro de 2011

Super-homem mirim

     Eu e o mano Veio estamos numa incumbência urgente: arrumar o chuveiro, enquanto o Pedroca e a Nani brincam de pintar com a prima Lelê. Falo pro Veio, in off: "Vamos de bike pra ir mais rápido na loja de construção aqui perto". De mansinho, vamos saindo pra garagem, mas, surpresa!, lá está o seu Pedroca, devidamente trajado de Super-Homem, já encarapitado na cadeirinha da bike. Tento argumentar:
    - Pedro, fica aqui com a sua irmã, senão ela vai chorar.
    - Não, quero ir junto.
    - Por favor, Pedro a gente vai rapidinho...
    - Nada disso. Quero ir também.
   
    Pra evitar tumulto, vamos saindo, quando a Nani ouve o movimento e começa a chorar, querendo ir. Resmungo:
    - Tá vendo, Pedro, tadinha. Você fez ela chorar...
    - Ah, você sempre faz isso!
    - Eu?
    - É... Quando você vai trabalhar, ou pra faculdade.
    - Mas aí é por uma boa causa, né, Pedro? Você não, só vai pra bagunçar!
    - Não, eu não vou pra bagunçar. Vou pra salvar o mundo.

    Chegando à casa de construção, ele se encanta com um espelho de luz do Mickey e me pede pra levar. Eu retruco:
    - Ah, então você não veio pra salvar o mundo nada. Veio é pra comprar coisas pro seu quarto!
    - É! Pro meu esconderijo secreto.

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    Em nossas incursões de bike pelo bairro, vemos uma cachorrinha linda, corintiana, que me lembra a Pandora. Dou um suspiro:
    - Que saudade da Popó, Pedroca...
    - É mesmo... - responde o suspiro.

    Depois de um breve silêncio, solta essa:
    - O mundo podia ter um botão de reiniciar, né, mamãe?