Eu e o mano Veio estamos numa incumbência urgente: arrumar o chuveiro, enquanto o Pedroca e a Nani brincam de pintar com a prima Lelê. Falo pro Veio, in off: "Vamos de bike pra ir mais rápido na loja de construção aqui perto". De mansinho, vamos saindo pra garagem, mas, surpresa!, lá está o seu Pedroca, devidamente trajado de Super-Homem, já encarapitado na cadeirinha da bike. Tento argumentar:
- Pedro, fica aqui com a sua irmã, senão ela vai chorar.
- Não, quero ir junto.
- Por favor, Pedro a gente vai rapidinho...
- Nada disso. Quero ir também.
Pra evitar tumulto, vamos saindo, quando a Nani ouve o movimento e começa a chorar, querendo ir. Resmungo:
- Tá vendo, Pedro, tadinha. Você fez ela chorar...
- Ah, você sempre faz isso!
- Eu?
- É... Quando você vai trabalhar, ou pra faculdade.
- Mas aí é por uma boa causa, né, Pedro? Você não, só vai pra bagunçar!
- Não, eu não vou pra bagunçar. Vou pra salvar o mundo.
Chegando à casa de construção, ele se encanta com um espelho de luz do Mickey e me pede pra levar. Eu retruco:
- Ah, então você não veio pra salvar o mundo nada. Veio é pra comprar coisas pro seu quarto!
- É! Pro meu esconderijo secreto.
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Em nossas incursões de bike pelo bairro, vemos uma cachorrinha linda, corintiana, que me lembra a Pandora. Dou um suspiro:
- Que saudade da Popó, Pedroca...
- É mesmo... - responde o suspiro.
Depois de um breve silêncio, solta essa:
- O mundo podia ter um botão de reiniciar, né, mamãe?