terça-feira, 11 de dezembro de 2012

João Cachoeira

    Na tarde dourada do sábado, pés arrastando calor, em direção à casa da querida amiga Rê, passamos pela rua João Cachoeira. Como as personagens de Graciliano Ramos, secos na tarde do sertão paulistano. O Pedroca logo se anima:
- Eba, mamãe! Tem cachoeira no fim dessa rua?!? (suor pingando pela testa)
- Ai, Pedro... Infelizmente não... Quem sabe um dia, muito tempo atrás, já teve uma por aqui? Eu não sei. Mas seria muito bom se tivesse, né?
- Já teve cachoeira em São Paulo?
- Já sim. Mas acabaram com todas...
- Nossa! Como conseguiram acabar com uma cachoeira?!?

 Fico feliz-triste, admirando... O olhar criança se volta ao mundo em sua atual configuração - pra gente tão banal, imutável, vazio de possibilidades outras - e se alumbra com suas brechas de poesia, se espanta com o canhão que não solta flores (como o Tistu de O menino do dedo verde) e delira com olhos, mãos, nariz, boca, ouvidos, inteiro, no brincar sério de criaginar um mundo novo.