Como ensina o senso comum, se a vida te dá um limão, você senta e chora ou faz dele limonada? Qual será a minha escolha? Como ajo e reajo aos limões que a vida me atira?
O limão é o fato: concreto, real, incontornável. Parafraseando Drummond em “Nosso tempo”, são tão fortes os limões! Mas eu não sou limão e me revolto. Ou sou?
Não posso transformar meu limão em laranja ou morango. Mas posso diante dele me reflessentir, ou me sentipensar, como diria Galeano, e talvez mudar a mim. Por que o limão me causa tal sensação, tal emoção? Haveria outra forma de (re)agir a ele? O que me faria menos infeliz, ou quem sabe, com sorte, mais feliz: ignorar o limão? Tampar o nariz e cair de boca? Desbanalizar a limonada com um pouco de hortelã? Filosofar com sua cara azeda, a la Macbeth: chupar ou não chupar, eis o limão? Transformá-lo em bola e malabalizar com ele?
Não é no que o mundo me apresenta como faticidade, mas sim no que faço com isso é que vive minha pequena cota de liberdade e minha estreita possibilidade de transcendência.
Ah, limões, limões, eis as questões!
