Pupa meu corpo alma
se cobre de fios tecidos na saliva
de palavras inauditas
Imagens me habitam há tanto
séculos segundos milênios.
Advindas da terra que forma
meus ossos? da água ferrosa que corre
nas veias? do fogo que a faz
bombear pelo corpo
no ritmo do tambor central? do ar
que me inspira?
De onde vêm não sei, nunca saberei.
O fato é que elas me constituem
en-sinam, des-tinam, desatinam.
Sou seu veículo, seu canal.
Se minha boca não dá conta
elas transbordam em choro verso sonho delírio insânia.
Dói senti-las pulsando
sob essa parede mole e viscosa
que se enreda pelos poros, narina, olhos, ouvidos, membros, sexo.
Viram uma segunda pele, me protegem
de sentir sem metáforas
bebo delas, ouço seus sussurros em canto,
ainda que não lhes entenda o sentido de sua fala.
os fios que me atam são tecidos
da saliva marinha desses estranhos seres
sereias.
Estas palavras
não passam de seus perdigotos.