segunda-feira, 17 de maio de 2021

Canto a Odoyá, canto ao mar íntimo

 

canta a concha
seu mar íntimo
entre muros de luar

madrepérola
o palácio
onde entoa seu coral

à luz solar
esturrica
torna areia

o úmido segredo
desenreda
em fios de medo

o mar é só deserto
sem o canto
da sereia


Mar: sinto
a falta da falta
do ar que me inspiras 

a falta do ímpeto de ondas
quebrando em praias
de leite beijos carícias 

a falta do pulso sob a pele
partindo a galope
e olhos nublados
desmanchando fronteiras

entre mim e as coisas
transbordar-me em chama até
as cinzas eu sinto
a falta do que tive
num só instante

sonho gravado em quadras
de versos esgarçados
no avesso duma vida
esboçada

Poemas e leitura minhas, Tamara Castro