canta a concha
seu mar íntimo
entre muros de luar
madrepérola
o palácio
onde entoa seu coral
à luz solar
esturrica
torna areia
o úmido segredo
desenreda
em fios de medo
o mar é só deserto
sem o canto
da sereia
Mar: sinto
a falta da falta
do ar que me inspiras
a falta do ímpeto de ondas
quebrando em praias
de leite beijos carícias
a falta do pulso sob a pele
partindo a galope
e olhos nublados
desmanchando fronteiras
entre mim e as coisas
transbordar-me em chama até
as cinzas eu sinto
a falta do que tive
num só instante
sonho gravado em quadras
de versos esgarçados
no avesso duma vida
esboçada
Poemas e leitura minhas, Tamara Castro