Numa manhã nevoenta, ou talvez ensolarada, sabe lá, neste clima doido da grande sampa, um passarinho inspirado deixou uma fértil contribuição, e na brecha começou a crescer um brotinho.
Claro que os urbanistas amadores, com seu ímpeto em manter tudo devidamente reto, cinza e chato, quiseram arrancar o brotinho. "Posso cortar? É só mato! Vai sujar a calçada". Mas o pezinho teimoso ganhou minha simpatia. Nossas almas roceiras se reconheceram de pronto. "Deixa o mato aí, o que será que será?"
Alguns meses depois, o mato atrevido se revelou um pé de jurubeba. Agora, jovem senhora, já dá flores e frutos, pra festa dos passarinhos!
A jurubeba teimosa "furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio", dando vida ao poema do Drummond, mais atual que nunca...