domingo, 9 de abril de 2017

No caminho

Questionar esse "vencedorismo", pensamento nefasto que nos é impingido desde o berço (ou talvez desde o útero), é, pra muitos, coisa de louco. Mas como diz a canção, "mais louco é quem me diz / e não é feliz". E ser feliz também não é homogêneo, válido pra todos. O que me faz feliz não te faz feliz. A gente vai construindo nossos valores de bem e mal, nossas metas e motes ao longo da travessia. Alguns ficam, fiando o caminho labiríntico. Outros se transformam, se libertam, nos libertam, viram pássaro, saudade, ou pedra, arrependimento, mágoa... Prefiro pensar assim, no caminho, como os peripatéticos. Se a gente carrega coisa demais nos ombros, deixa de ciganar, endurece e emburguesa.
Meu fio de ariadne quem me dá é minha memória menina que me contou meu pai. Quando eu era bem pequena, ele me fez a pergunta inevitável: o que você quer ser quando crescer. E, dizia ele, eu respondi, de imediato: quero ser feliz. É, pai, não é nada fácil. Ser feliz hoje é bem menos - ou bem mais? - que era quando eu tinha 20 anos... Sigo no caminho.

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