sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Labiríntico

Viver é andar por planícies e precipícios, multidões silenciosas e desertos ruidosos. Entre toques e pausas, a melodia se faz mais rica e suingada se a gente aprende a dançar com ela, no ritmo de cada pancada, respirando entre as pausas. Essa é a lição que o tambor me dá, na “gravidade das pequenas coisas”, como diz o poeta amigo Jorge Miguel Marinho. Entre pesos e levezas o passo se faz voo e a vida banal, obra de arte, arte em obra. 

Na des-aventura de se tornar aquilo que se é, com toda a dor e a alegria que isso envolve. Entre encontros e desencontros, palavras e silêncios, o segredo de uma vida boa é aprender a tornar as pedras no caminho em pedrarias do nosso bordado. Cantar o instante tornando-o significativo. Nem sempre feliz, nem sempre rico, nem sempre belo. Cada passo um ponto do bordado, cada pessoa Ariadne a nos dar o fio que medeia o caminho em direção ao centro do labirinto, onde enfim se dará o temido e esperado encontro com nós mesmos.
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