terça-feira, 16 de março de 2021

Canto

 Em terra de cabinha tem uma fonte

d’água doce cantadeira

tramada em fios de ouro

veios de musgo

aguapés e ninfeias

cortejadas por pássaros e libélulas


Tem canto, conto

brincadeira

é gente indo e vindo

nessa terra

povoada de bem-viver


Em terra de cabinha tem a gente

de novo cabinha 

pé descalço, sola preta 

cabinha cabreira

brincante de terra

caçadora de águas secretas

pirata com seus mapas furados


Essa minha terra de cabinha

é sim, uma utopia

Um não lugar

Querência que se desenha

em compasso

na pisada do chão

no esfumado grafite da imaginação


Lugar sagrado que mora em mim

A terra sem males guarani

Fincada na linha cigana do horizonte

Lá onde se encaminha 

a minha caravana

levantando o pó da estrada


O ar se enche de cantos

com choro risonho de rabeca 

saias giram coloridas 

cães pulam e latem alegres


O coração palpita

Olhos e ouvidos alertas

Mãos e pés a postos

Eis o meu destino

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