quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009



"... enquanto a fogueira dança no ar parado, olham-na pensativamente os viajantes, estendem para ela as mãos como se as impusessem ou ao fogo se rendessem, há um velho mistério nesta relação entre nós e o lume, mesmo com o céu por cima, é como se estivéssemos, ele e nós, no interior da caverna original, gruta ou matriz. (...) não há pressa, a hora é pacífica, quase doce, o luzeiro das chamas perpassa nos rostos tisnados pelo ar livre, têm a cor que neles dá o sol quando nasce, o sol é doutra natureza e está vivo, não morto como a lua, essa é a diferença."

José Saramago. A jangada de pedra.

Nenhum comentário: