quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

11º Dia de Reis

Pedro, meu querido, há 11 Dias de Reis estávamos eu e seu pai esperando você. Era o fim de uma espera de quase 9 meses, muito intensos. Nosso primeiro filho. Quantas dúvidas, medos, incertezas... Mas quanta alegria, a cada descoberta. A primeira vez que te vi no ultrassom, um serzinho de 3 meses e alguns milímetros que me pareceu uma vírgula (olha o que ser revisora de textos faz com a gente, meu filho!). A primeira movimentação sentida: parecia uma formiguinha fazendo cócegas na minha barriga por dentro - que engraçado, que esquisito, que gostoso! Meu filho.

No dia em que você nasceu, que emoção te ver, tão pequenino mas já tão cheio de vida, cheirando o mundo com os olhos fechados. Mas você logo abriu os olhos, e depois começou a balbuciar os primeiros sons, falar as primeiras palavras, soltar as primeiras gracinhas e birras, engatinhar, andar, correr... E conversar, poetizar, filosofar. Como você viaja no mundo da imaginação! E nos dá a mão para viajarmos juntos...

"Pedro: – Mamãe! Eu chamei o Antonio assim: Antooonio! Antooooonio! – bem alto, mas ele não me viu. Acho que eu tô invisível!
– Eu: Claro, Pedro, você esqueceu que comeu gelatina? Ela te deixou assim, invisível.
– Pedro: – Hããã! Então eu tenho que comer alguma coisa pra ficar desinvisível... (pensativo.)"

Lembra disso, meu filho? Você tinha 4 anos! Pois é, essa e tantas outras belezuras de criança cheia de imaginação e poesia viraram palavra escrita, que transbordou as anotações no papel pra alimentar um blog. E elas fizeram renascer em mim um amor que há muito tempo abandonado: escrever, escrever de verdade, com alma.

"Assistindo à Viagem de Chihiro, o Pedro comenta:
- Puxa, mamãe, esse personagem no início era bonzinho, agora tá fazendo um monte de maldade. E essa bruxa, que parecia tão má, até que não é não...
Depois de um tempo:
- Mamãe, você é do bem?
Eu, na cara de pau:
- Claro, Pedro!
Aí ele retruca:
- Não é não... Às vezes você é do mal... Eu também sou às vezes do mal, às vezes do bem... Todo mundo é assim, né, mamãe?"

Essa foi uma conversa recente, uma das tantas que temos, todos os dias desses últimos 11 anos em que tenho a alegria e a honra de ser sua mãe, e aprender com você a ser mais criança e mais adulta, mais feliz sem medo de ser triste, acertar sem medo de errar (ou errar sem medo de acertar) - ser, enfim, uma pessoa, plena, inteira.

Te amo muito, meu filho! Parabéns, seja sempre você.

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